AMOR DO MUNDO

Não podemos falar de amor

Mas senti-lo!

Sentir como folhas que se queixam pela falta

De carinho sempre a rodopiar sem lar...

O amor é algo não palpável

É inenarrável maleável como água...

Sempre procurando se amoldar a tudo

Sem obstáculos naturais que o impeça

De buscar os lugares mais longínquos

Na gravidade terrestre... Despe-se

Fluidifica e vai abrindo caminhos insondáveis

Sempre regulada pela vontade do mais forte...

Mas o amor está em todos os lugares

Como compreender a ausência dele?

É como semente de girassol adormecida

De que vale uma vida inteira

Se estiver adormecida enquanto semente?

Como se pode se estar morto dentro da vida?

É exatamente isso!

A semente está viva mais ignorada e assim se aceita

Fecha-se ensimesmada, até que um dia alguém

Percebendo ou não a jogue fora e esta semente venha a cair

Na terra não por acaso mais por uma força invisível

Aí vem o processo que só no amor resiste!

Ela vai despertar de seu sono e vir à vida

Um ser criado do nada a que estava adormecido

Um gérmen quase imperceptível, mas intensa

Uma purpurina sutil mais com uma força atômica imensa

Uma vida latente louca pra explodir em brotos, talos, folhas, pétalas

Liquens, polens, rizomas bulbos e vida muita vida explodindo no ar

Enfim um colorido de vida em plena floração!

Passa a existir vindo do nada assim como nós que não tínhamos

Rosto de onde viemos mais talvez cônscios de nossa vidas!

O amor é algo sublime não se pode entalhar com o verbo

O máximo que chegaríamos é nadar sob superfície

Dado a efemeridade das palavras diante do amor!

Meia vida perdemos sem o amor existir dentro

Daquilo que não conseguimos ver!

É preciso de súbito desperta-lo

Colocar as lentes de diamantes nos olhos

E velo pululante de brilhos no ar

Sem o individualismo canibal

O amor está sempre no plural

É doador não existe pessoa-alvo

O amor definitivamente não pertence a ninguém

E é de todos!

Assim como a vida vestimos este macacão cor de rosa

E saímos por ai brincando de viver!

O amor não é imaginário como um santo no altar

O imaginário é a única verdade contida ao se amar...

O amor é a maior de todas as catedrais

É uma ponte que ao se doar na travessia

Só se segue adiante não se pode

Olhar pra trás porque ponte mesmo não existe mais...