Anti-horário
Porque queres nadar comigo,
se já me afastei do riacho
das minhas quimeras?
Não respondes, apenas vais,
dizendo que me esperas…
Mas, se eu mantiver a distância,
preservando as águas da tua inocência,
e tua espera for vã?
Resoluta vais, pra onde dizes que me esperas,
inda que até amanhã…
Talvez aches alguma veste,
que nas margens esqueci,
ou, nenhum vestígio, afinal…
Pois, o tempo furta os sonhos, e nos joga no oceano,
onde a vida cheira a sal.
Já que insistes, pequena, esqueço Cronos,
ignoro cachoeiras e pedras,
te vejo, no fim da piracema;
mas, se queres que o enlevo te pareça real,
esqueça então, as marcas do sal…