CIÚMES
Entre tantas ervas daninha
A habitarem meu triste jardim,
Existe uma única e pequenina flor!
É uma planta rara de se ver,
Difícil mesmo de nascer!
Gosta de luz, de muita luz,
Mas deleita-se também
Com as noites enluaradas!
Não penseis que eu a tenha semeado,
Surgiu assim, sem mais nem menos!
Só o que posso dizer é que brotou de um sorriso,
Encontrei-a em uma certa manhã
Em meio à chuva fria
Que caia do céu no quintal do meu destino.
No inicio estranhei ver tanta beleza!
Onde antes só havia tristeza,
Sem pensar no que fazia
Cerquei-a imediatamente
Com arames farpados e tábuas enegrecidas
Fixadas por pregos enormes e pontiagudos.
Tolo que fui, tentei esconde-la do mundo!
Tinha medo que a roubassem durante a noite,
Temia por ela durante o dia,
Abelhas e borboletas, mariposas e vaga-lumes,
Todos queriam roubar-lhe o perfume! Até a brisa suave da tarde
Furtava seu aroma levando-o pelos ares.
Todos os dias quando o sol despontava no horizonte
Ou já ao reluzir a primeira estrela,
Eu,qual menino traquinas ou, se preferirdes,
Um louco... Um poeta...
Agachava curvado a inclinar-me
Tocando-a com um suave beijo.
De nada me valeram os cuidados!
Em vão as tabuas, os pregos e o arame,
Insuficientes os meus beijos!
Só o que restou sobre o solo esburacado
Foram as pegadas do meliante.