Promessas de Eternidade…

Li algures

Num tempo achado

Que queria perdido

Um tempo de vida

Mas que deveria ser vivido

Como se fosse do mais dilacerante perigo…

Li algures

Nos destroços de uma memória ferida

De uma pessoa cheia

Mas que a morte tornou vazia…

Li nessas memórias

Que para não ser devorada pelos monstros

Com as quais obrigaram a viver

Essa pessoa reaprendeu a sonhar

Coisas que não o eram

Mas que a sua esperança por novas auroras

Novos dias

Iria concretizar…

E essa pessoa construiu então

Todo um elaborado sistema

De realidades alternativas

Mas sempre

Sempre possíveis…

Construindo

A esperança

Que deveria tomar o lugar das cinzas

Construindo

Um amor que lhe faltava

E os descendentes que se iriam seguir

Construindo pontes

Que alguém tinha ousado

Ou meramente se atrevido

A destruir…

E foi então

Que os ventos de uma certa guerra

Deram lugar

A tão ansiada tranquilidade

Foi então

Que ele pode ver olhos nos olhos

Outra forma de realidade

Construída sob e através dos seus sonhos

Mas tendo o contorno

Das pessoas com quem ele tinha sonhado

Pessoas algo diferentes

Por si idealizadas

Que ameaçaram

Numa dada altura

Tudo destruir

E ele

Teve mesmo que agir

Dizendo apenas

A esse amor

Furtivo

Que tudo o que ela era dentro dele

Fora ele que tinha construído

E por isso não lhe admitia

A suprema veleidade

De tudo querer transformar em cinzas

Não lhe admitia que interferisse nos seus sonhos

No seu núcleo

Nas suas

Promessas de Eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 09/06/2011
Código do texto: T3023347
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