AMOR SIMBIOSE

Encanto-me quando me devoras com o olhar

É um convite um brinde um sol no porvir da fronha

Um mergulho no fundo fazendo eclodir enrendilhadas

Borbulhas efervescentes que se espocam ao sorrir à tona

Teu olhar me deixa mais livre

Me tira a camisa de força dos problemas insanos

Desabotoa a camisa do cotidiano

Me deita no chão me lava com sabão de carinho

Com escova macia de ternura

Me seca com toalhas de felpudas mãos

Me leva a foz da meditação

Quando me olhas assim

Colho nas horas jasmins

São flores que bailam no ar

Ponteiros de eternidade se enlouquecem a rodopiar

Pausam o instante cintilante no coração do jardim

Rasgam o solo sedento

Buscando tesouros e colos densos

É fecundação fértil entre trigo e terra

É cio e companhia

É a madrugada que peneira o dia

São feras de idéias vasculhando crateras abissais

Ah! Como cantam teus olhos juntos as portas do meu céu

É sorriso de moribundo

É fartura de vagabundo

É cura de nauseabundo

É beijo de embocadura

É a madrugada se abrindo em flor de formosura

É chave em agasalho de fechadura trocando

Segredos de abertura não revelados

Teu olhar uma posse em sonho condensado

Desejos doces de fatia parida e bom bocado

É residência fixa dentro da terra prometida

É Maná, leite sugado, pão molhado em doce melado

É vida morando dentro de outra vida!