Relatos de um encontro casual
Me arrumo,
como se fosse para uma festa...
Na verdade,
ver-te sempre é uma festividade em minha alma.
Me pinto,
visto a melhor roupa para teus olhos,
coloco o perfume mais embriagador.
Fixo em meu olhar a determinação de uma mulher que ama.
Saio em passos firmes e em gingados faceiros.
Vou te encontrar.
Pergunto se está.
Falam-me que posso entrar.
Finjo que vou em outro lugar e passo em tua porta ‘’desapercebida’’, quando ouço:
‘’Olá, tudo bem? Fulano não está! Ou está procurando por outrem?!?’’ Minha alma grita em um arquejo que por você,
mas, respondo que quem eu estava procurando não veio hoje.
Então,
gentilmente,
convida-me para adentrar
em tua sala,
em tua vida,
em tua poesia.
É nítida minha intenção.
Devoro cada palavra tua,
na voracidade da minha doçura.
Quando cai em si e percebe que as horas voaram.
Toma ciência do embaraço de meus laços,
te encurralando,
te cercando
por todos os lados.
A poesia paira no ar.
E convida-te para sonhar em meus lábios maduros.
Porém por questões morais,
se contém,
e apenas viaja em minhas estórias provocativamente ingênuas.
Tua educação não consegue disfarçar o teu desejo.
Todo teu ser se rende em admirações e me pede para ficar.
Contudo a prudência entoa covardemente:
“Tenho que ir, visita-me mais vezes, foi uma noite maravilhosa.”
E teus braços me envolvem tentando protocolizar o que é de instinto.
Despeço-me tendo no canto da boca,
um beijo.
Um único beijo!
O qual talvez nunca darei.
(Sei lá, quem sabe aconteça amanhã, não é mesmo!?!)
Volto para minha casa,
tentando te procurar nas ruas.
E por coincidência, ou não,
te avisto
olhando-me com profunda paixão
na espreita de uma esquina silenciosamente escura.
Minha alma não se contém e sorri!
Não preciso mais dormir para sonhar.
E quando durmo, tenho a certeza de que sonharei contigo
e que também realizarei tudo,
inclusive saberei como teria sido o nosso encontro casual
se não tivesse me resistido.