Um para o Outro
Tão perto demasiado longe
Ou será por ventura ao contrário
Tal como é a vida por vezes
Que parece ser filmada em câmara lenta
Quando a acção decorre bem depressa
Tão depressa que não a conseguimos acompanhar
No afecto que te dou
Mas que não entendes
Ou que não consegues pura e simplesmente agarrar…
Porque nem o afecto se agarra
Nem se pode medir
Tal como não existem vidas filmadas em imagens de afecto retardado
E assim quando acordas
Reparas
Por vezes
Que a noite passou
E que já não estou a teu lado…
Porque tens alturas
Em que teimas em não perceber
Que a nossa fusão
Não é um segredo
E muito menos bem guardado
Não se passou num verão distante
Não se passou no passado
É algo de premente
Passado agora
No presente
É algo de claro
E nada obscuro
É algo que se passará no futuro…
Uma espécie de destino
Sem mapa
Definido
Porque não preciso de um mapa
Para estar contigo…
E assim enquanto no escuro
Te conto histórias
Que desejo de encantar
Tu revelas os teus mundos
Onde misturas as minhas estrelas
Com o teu mar
Em cenários de uma beleza indescritível
Sem palavras
Que apenas posso no teu olhar observar
E alguém
Na força
De querer tudo identificar
Tudo etiquetar
Chamou-lhe “Amor”
E nós que não ligamos nada a isso
Na nossa simplicidade
Dizemos em silêncio
Um para o outro
Sorrindo
Que tal é simplesmente
A nossa forma de estar
Algo
Que ficará
Em nós
Para além de uma eventual dissolução
Algo que ficará
Por toda a jubilosa eternidade…