Um para o Outro

Tão perto demasiado longe

Ou será por ventura ao contrário

Tal como é a vida por vezes

Que parece ser filmada em câmara lenta

Quando a acção decorre bem depressa

Tão depressa que não a conseguimos acompanhar

No afecto que te dou

Mas que não entendes

Ou que não consegues pura e simplesmente agarrar…

Porque nem o afecto se agarra

Nem se pode medir

Tal como não existem vidas filmadas em imagens de afecto retardado

E assim quando acordas

Reparas

Por vezes

Que a noite passou

E que já não estou a teu lado…

Porque tens alturas

Em que teimas em não perceber

Que a nossa fusão

Não é um segredo

E muito menos bem guardado

Não se passou num verão distante

Não se passou no passado

É algo de premente

Passado agora

No presente

É algo de claro

E nada obscuro

É algo que se passará no futuro…

Uma espécie de destino

Sem mapa

Definido

Porque não preciso de um mapa

Para estar contigo…

E assim enquanto no escuro

Te conto histórias

Que desejo de encantar

Tu revelas os teus mundos

Onde misturas as minhas estrelas

Com o teu mar

Em cenários de uma beleza indescritível

Sem palavras

Que apenas posso no teu olhar observar

E alguém

Na força

De querer tudo identificar

Tudo etiquetar

Chamou-lhe “Amor”

E nós que não ligamos nada a isso

Na nossa simplicidade

Dizemos em silêncio

Um para o outro

Sorrindo

Que tal é simplesmente

A nossa forma de estar

Algo

Que ficará

Em nós

Para além de uma eventual dissolução

Algo que ficará

Por toda a jubilosa eternidade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/06/2011
Código do texto: T3021908
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