AMOR AUSENTE

Onde está você que some

Que vai por aí sem meu sobrenome

Pelos cantos do mundo

Usando disfarce e codinome

Se para souber o gosto

De todos os oceanos

Que são os olhos da terra

Basta colocar um dedo

Dentro de um deles e levá-lo

Até a boca e já o saberemos...

Tem gosto salino

Viu é igual natural sublingual

Que nem pirulito de menino...

E você se dissolvendo e sumindo que nem

Sal dentro d’água eclodindo como alevino

Na minha lagoa você não nada

Só o coaxar de sapos e saudades aladas

Entram em minhas pupilas dilatadas

Sinto o cheiro da brisa que traz a vaga

Mansa do perfume sereno

Do colo moreno

De olhar flor de açucena

O dia é ameno

De noite é denso é mais pleno

E eu sigo só em prelúdios

Dentro de outra cena

Você não vem mesmo

Então sigo a esmo

Sem rumo sem fazer pontaria

Desmaio no colo do destino

Tem muitos escravos nos dias

É noite ainda e estão quase todos libertos

Sigo pelo deserto como beduíno sedento

Esperando-te nas areias quentes sonolento

Desenhando dunas feitas pelo vento

Trazendo-me tuas curvas bordadas

Com nuvens carregadas de fermento

No céu de meu pensamento...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 08/06/2011
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