AMOR AUSENTE
Onde está você que some
Que vai por aí sem meu sobrenome
Pelos cantos do mundo
Usando disfarce e codinome
Se para souber o gosto
De todos os oceanos
Que são os olhos da terra
Basta colocar um dedo
Dentro de um deles e levá-lo
Até a boca e já o saberemos...
Tem gosto salino
Viu é igual natural sublingual
Que nem pirulito de menino...
E você se dissolvendo e sumindo que nem
Sal dentro d’água eclodindo como alevino
Na minha lagoa você não nada
Só o coaxar de sapos e saudades aladas
Entram em minhas pupilas dilatadas
Sinto o cheiro da brisa que traz a vaga
Mansa do perfume sereno
Do colo moreno
De olhar flor de açucena
O dia é ameno
De noite é denso é mais pleno
E eu sigo só em prelúdios
Dentro de outra cena
Você não vem mesmo
Então sigo a esmo
Sem rumo sem fazer pontaria
Desmaio no colo do destino
Tem muitos escravos nos dias
É noite ainda e estão quase todos libertos
Sigo pelo deserto como beduíno sedento
Esperando-te nas areias quentes sonolento
Desenhando dunas feitas pelo vento
Trazendo-me tuas curvas bordadas
Com nuvens carregadas de fermento
No céu de meu pensamento...