AMOR SUBLIME
Teu jeitinho de sorrir
Teu modo de andar como que pisando em flores
Teu olhar de catedral
Teu tocar angelical teu corpo plural
Tua voz macia
Tua palavra democracia
Teu beijo de incenso
Abraçam o ar a que pertenço
Teu feitiço notívago
Que viajo neste cálice embriagado
Bebo tudo num único trago
Tudo que há na terra
Sem você é como isopor
Não serve pra nada
É barro sem cor
É festa sem licor
Teu corpo um vulcão
Quando entra em erupção
Cospe fogos de sedução
Teu afago um leito macio que deságuo
É como a flor de um lago
Que se arrepia em ondulações
Tens a ternura dos mansos
A destreza dos gansos
O colo de um rio calmo e remanso
Nele me deito tiro dos ombros
O fardo e me quedo descanso
Tudo pende tudo pesa forte
Na ânsia de entrar na densa
Floresta negra da madrugada
Que verseja insones estrelas
Como um fauno deita-se junto à relva
Mirando a inconcretude infinidade da vida...
Tuas mãos como pombinhas
Arrulham no frescor da aurora
Contigo perco o mundo
Esqueço da hora
E diante de teu calor
De teu beijo remido
Tombo adormecido
Como um guerreiro vencido.