ATO INOPINÁVEL
O escuro estranho que fica por detrás do muro,
Longe da vista alheia. Ali.
Ali está ele: duro, ríspido, intacto.
Não há quem possa movê-lo ou derrubá-lo.
Não há...
Não há na rua do lado,
Criatura alguma que possa dá-lhe perfurações ou,
Alguém que possa destrinchá-lo...
O escuro estranho perdura por dias inteiros,
Sua negritude dá ar de conspiração.
Há aquele escuro!
Naquele muro alto que se solidifica feito rocha,
Pelo instante raro que a vista humana se alimenta,
Nasce uma FLOR.
Naquele muro rondado de escuridão e deserto,
Surge uma vida!
Venham todos...
Admirem-se com as pétalas iluminadas dessa
[flor que ali surge inocente.
Nasce bela, nasce pura...
Nasce crua...
Morre à toa, morre nua...
Morre fria...