A DERRADEIRA POESIA DE AMOR
O final da jornada
Hoje este pobre poeta,
Andarilho errante
Que sofre a saudade de um amor,
Pede um descanso para o corpo!
Pede um remédio para a dor!
Foi longa a jornada
E foram muitos os espinhos
Pisados pelo caminho,
A sede e a fome o castigaram
Acuando-o como feras ferozes,
Mas, a pior das dores,
Foi o desejo de perdão
Que em agonias atrozes
Sangrou-lhe o peito!
O destino, porém,
Não teve piedade
Deste miserável farrapo
A quem um dia
Chamaram de homem,
O tempo roubou-lhe as forças
E o medo do amanhã
O fez refugiar-se no ontem.
Apenas uma poesia
Deixará escrita antes que morra,
Uma poesia composta
Com um único verso;
Nasci, amei e morri!