AMANDO A MEU MODO
Quando eu amo, não sou capaz de me igualar a mim
Transcendo o estopim, velejo por desertos de absolutos relativos
Sou sujeito sem predicativos, negações insinuadas por um sim
Mortal projétil de festim, absurdos amparados por motivos!
Eu sigo escoltado por seguras preferências libertárias
Colho frutas imaginárias, bebo o mel das amarguras insípidas
Ao som de musicalidades ríspidas, aos pés de inércias várias
Íntimas ilhas comunitárias, funeral de verdes e secas folhas vívidas!
Sou desses que amam de um modo que o amor ignora
Mostro dentro o que se vê por fora, viro vitrine dos mistérios
Escravo no trono dos impérios, timoneiro no leme das horas
Inimigo das míseras auroras, herdeiro de debutantes dias velhos!
Eu vou amar até depois que ao pó e cinza finalmente retroceder
A contradição irei contradizer, serei discurso encarnado
Por meus tropeços abençoado, indiciado por meu bem querer;
E nunca mais enlouquecer, a ponto de morrer sem ter amado!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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