SAUDADES DE MEU AMOR
Antes eu amava.
Agora a minha alma se cala.
Dá vontade, mas me nego a te dizer:
está aqui, ainda,
aquele amor todo teu.
Meu amor: eu o escondo,
humilhado.
Ele, que foi por ti abandonado,
fingiu ter sumido
e se tornado
rancor e fúria e cegueira,
na verdade, só hiberna.
Mas mantém os olhos abertos
e se põe em alerta
para o dia em que - se! - voltares.
A fatalidade da vida lançou suas garras
e nos perdemos - ou te perdi,
não sei, até hoje não entendi...
O que era ouro derreteu.
O que era pouco se acabou.
Mas eu te amava tanto, tanto...
Não sei por que afoguei
tanto amor no meu pranto,
e me deixei vencer fragorosamente.
Ele está aqui - eu o vejo!
Com compaixão o escondo.
Em meus olhos encontras
a raiva, o ódio, a falta de perdão.
Porém, no subterrâneo,
brilha forte e imorredouro
o amor como um imenso sim
a fender o teu não.