A mutação do amor - I
A mutação do amor - I
É sempre assim. Alguns são tão perfeitos qual novela literária.
Desencontram-se na hora certa, sofrem por fútil e atroz amor,
Têm confidentes e são heróis no caráter... Vencem, seja onde for.
São puras, imaculadas e sujeitas. São valentes, bonitos e fortes.
A boa mocinha encontra seu par no momento propício, e se unem.
Ela de branco da cabeça aos pés... Linda! As flores acompanham,
Com toda pompa e emoção... Seu sorriso se estende e contagia...
Ele a espera ansioso, com olhar terno e confiante, baixinho a elogia.
E são felizes para sempre!
Mas em minha realidade não há o para sempre. Acredito eu que
Sou mais da época do “eterno enquanto dure”. E nunca dura!
Sou do tempo em que se atualiza perfil para mostrar que estou só,
Que se muda a frase da rede para compartilhar meu sentimento,
Que trai, engana e enrola a si mesmo para tentar encontrar o “eu”.
Então nada é como outrora, lua cheia no céu, vaga-lume incandescente.
Agora o frio não está lá fora. Está aqui dentro! Muito bem alojado.
Sem branco, sem herói ou mocinha. Maculado e escondido, nessa dor,
Todo o sentimento estático de ser apenas eu.