AMOR EM FENDAS
Sinto teu cheiro ele é rasteiro
Tem ar faceiro
Teu corpo trigueiro
Meu etéreo sonho de travesseiro
É fruta doce lembra minha infância subindo no jambeiro
Ah! Quantas recordações
São orações de janeiro a janeiro
E teu colo meu santo milagreiro
Nele me assento, e quedo minhas lembranças
Minhas crianças renascem na pipa
Na calçada na areia molhada
No tilintar da peteca acertada
No peão de madeira que no solo rodopiava seu clássico balé
Do pé de moleque, do fura-fura, da gostosura do algodão doce
Do quebra queixo! das estradinhas e postos que vendiam pão de queijo
Bolacha maria da mercearia, do refrigerante grapete, do minichiclete
Das chacretes do chacrinha, das tardes do Bolinha!
Do Flávio Cavalcante!
Das praças cheias de brinquedos e do parque de diversões
Roda gigante, “sputinik” brinquedo que poucos entravam
Um bombardeio russo baseado no artificial satélite dos mesmos
Na vila estreita que parecia tão grande pros sonhos de um menino
Quanto desatino vivenciando vidas em forte apache...
Assim ia pintando minha aquarela com tinta guache
Soltando bolhinhas de sabão
Com o ar fresco de meu pulmão
Soltas ao vento alazão
Que geração, a manga rosa às mãos
A goiabeira em procissão
Subir nas árvores era uma liberdade única quase retórica
Na sua real interpretação diante dos olhos em narração...
Sair do chão doando-se ao ar em braços e mãos apostólicas
Teu corpo me embala nesta canção
Sonorizando os frutos da estação! Sapotilha doce como teus labios
Tua boca que beijo me traz esta recordação das flores de maio
Unidas em ventosas e poesias em demaios
Rimas e prosas gargalham em frutas da estação
Teu corpo íngreme
Treme diante dos vãos que percorro
Como águas em jorro morno
Em tão lindo feminil contorno
Tua pele meu adorno de diamante
Cada momento que passo ao teu lado
Rejuvenesço cresço é jardim verdejante
Raízes feitas de instantes eternos
É terra é leite materno
É coração batendo por fora
Como osso externo
A distância é como fazer meu castelo
Na beira da praia, vem a onda e tudo
Leva de volta o que lhe pertence!
Assim é nosso amor
Onde a correnteza marinha não pode levar...
Onde estivermos como areias do mar estaremos com a rainha Yemanjá
Somos o sal movimentando-nos a nos salgar em nossa conserva de
Amor sempre como ondas de paixão a nos embalar como as águas do Azul do mar!