Sem Sorrir
Ela não quis me informar
o seu telefone, o seu nome não quis dizer.
Ela só quis concordar que a gente devia achar
melhor lugar pra se conhecer.
Ela não quis me perguntar
a minha profissão, se sou cristão ou se ganho mal.
Ela só quis me lembrar: de amor se deve falar,
mas praticar é que é fundamental.
Os seus carinhos, sua boca, suas mãos;
senti juntinho do seu corpo a sensação,
capaz de me eletrizar,
que ela quis me proporcionar.
Ela não quis me garantir:
vai ter outra vez. Já faz um mês que isto aconteceu.
Ela só quis me pedir pra eu deixá-la partir,
e, sem sorrir, desapareceu.
Rio, 28/03/1994