O amor da abelha pela flor
Seduzida pelo néctar
Desta rosa de carinho
Desse pólen sedutor
Assim encontrei-te
Dia após dia
Seu sorriso abasteceu-me
Com o doce que de ti provinha
Resisti a muitos ventos
Tempestades de tristeza
Temporais de solidão
O teu centro acalentou-me
Com tua sépala sedosa
Fez-me olvidar angústias
Da fome que tinha de teu mel
Mas és majestosa em formosura
E agradável é seu aroma
Tua essência é adornar
Tanta beleza notada
Furtou a atenção
De outras mãos
Que a ti levaram
Sou pequena!
Minha força é escassa
Sei que não posso livrar-te
Das mãos poderosas que a ti cobiçam
Ainda assim
Acometi-me em seu amparo
Para que não se achegassem a ti
Mesmo pondo a termo à existência
Não hão de furtar-te de mim!
Pois sem ti
A vida é curta
Sem doçura
Sem sentido
Sei que um dia dirão:
Não se tinha um grande amor
Como a abelha e a flor
Ao ferir também morreu
Pois perdeu-se o ferrão
Oh moribundo inseto ferido!
De coração partido
Seu desejo era sucumbir
No seio de sua flor-de-lis
E envolto para sempre
Entre as pétalas de sua amada
Que se foram
E não mais podem ser tocadas.
Eduardo Franco Vilar