IDADE DA MULHER

À força do tédio, ela indignou-se,

Sentiu-se deprimida e acabada.

Estupefata, descobriu-se só.

Há muito não era solicitada.

Concluiu que perdera suas armas:

A beleza e o poder de sedução.

No espelho do tempo que corria,

Sua imagem era repugnante.

Estava velha, as marcas aparentes.

No coração uma paixão ainda ardia.

Toda sua existência alienada,

Dedicada a um único amor.

Todos seus desejos foram negados.

A rejeição presente em todos os momentos.

As lágrimas rolavam pela face.

Olhou à sua volta de soslaio,

Estava completamente só, abandonada.

Apenas o silêncio da noite espreitava.

Lá fora o mundo acontecia falante.

Ela chorou por ter deixado o marido.

Lamentou ter sido traída pelo amante.

Abriu a garrafa e ingeriu que ingeriu,

Muito mais álcool do que podia digerir.

Levada por uma terrível dependência;

Acendeu a desgraça enfumaçada;

A nicotina invadiu o fétido muquifo.

Toda a face estava banhada por lágrimas.

Chorava desesperadamente e bebia.

Apontou o mal e apertou o gatilho...

Eram balas de festim, era um sonho.

Caiu inerte num sono profundo.

Quando acordou estava morta:

Faleceu (ainda em vida) por amor...!!!

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 01/07/2005
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