AMAR QUEM TEM OUTRO AMOR

Nenhum alento surtirá efeito duradouro

O estrago no íntimo estouro fará que voem estilhaços de alma

Até a plácida calma não poderá inocular um competente soro

E o vento que no beijo pede socorro será o pranto que lhe esbarra!

Todas as perfídias sob a língua do poeta terão o gosto da revolta

Ainda que à sua volta houverem flores, não lhe serão visíveis

Posto que os louvores mais intransponíveis lhe negarão escolta

Como a manhã que parte e nunca volta, deixando noites indescritíveis!

Porque os olhos não foram arrancados, puderam ver o que lhes fere

E a solidão que ferve, na cena injusta se intensifica

Querendo a fuga do que só fica, querendo aderir ao que lhe repele

Angústia à flor da pele, despercebida em seu silêncio que grita!

Amores imortais deveriam morrer na vida que lhes amar

E nunca sucumbir no limiar do que jamais será real

Quer tanto bem ao que lhe faz tão mal, desiludir seu infeliz sonhar

Pra que outro alguém não possa desfrutar do seu pomar sentimental!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 30/05/2011
Reeditado em 30/05/2011
Código do texto: T3002475
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