Poema 0897 - Abandono
Não vou pelo caminho que desenhei noites passadas,
arrasto-me devagar por olhos alheios,
como se outro corpo fosse rua
e meu sentimento ferro pontiagudo arrombando vida.
Muitas vezes voltei do nada,
outras da pobreza infinita que a paixão nos leva,
tento não deixar perder a beleza das palavras,
nem uma letra do nome daquela mulher ficou na lembrança.
De repente o mundo estava vazio de amor,
morto, matei sem querer meu pobre mundo de amor,
voltei a caminhar descalço por ruas desertas de mim,
tudo era novo, um velho novo abandono.
Dei milhares de voltas em meus pensamentos,
revivi os habitantes enterrados em meus memoriais,
cruel reviver despedidas tão antigas,
as perguntas continuavam, todas sem respostas.
Antes deste amor, fui amante, fui amor de alguém,
confesso as ruas que agora são amigas,
a cada uma dei um nome de mulher, ao meu mundo não,
esperei, ela passou e não me notou.
24/11/2006