Entranhas
Estás em mim impregnada
Perfume de nardo derramado
a espelhar meu corpo.
Cheiro de fêmea no cio,
chuva fina em terra seca..
Suor e sangue.
Água que sedenta,
pássaro que bebe no ribeiro
cristalino da louvação.
Ferro que marca,
lua que ilumina.
Devastação.
Junto de ti os dias seguem
luminosos.
Não preciso contar as horas
nem contemplar se é noite ou dia.
Penetrastes minhas entranhas.
Sem aviso.
Fígado e baço.
Harmonioso abraço.
Astuto laço.
Suave canto
adentra os meus poros
que a tudo contempla
em pueril sintonia.
E ri e goza à luz do
dia.
Estás em mim impregnada.
Cheiro suave de manhã colorida.
Meu coração a tudo assiste
e se curva em
doce entrega.
Publicada no livro "Horas Verdes" - 2009