entre parênteses
ventinho do ventilador
de teto que não aborrece
enquanto o dia amanhece
deitado aqui nesse quarto
sobre o ombro esquerdo
a cabeça apoiada
sobre o braço dobrado
enquanto com a mão do outro
acaricio a barriga
num ponto perto do umbigo
livre de qualquer perigo
livre de uma dor de dente
(tomava um comprimido)
sem contas para pagar
(foi tudo pago anteontem)
sem dever nada a ninguém
(é só questão de conversa)
sem temer homem algum
(conversaria também)
sem bica pra consertar
(é só trocar a carrapeta)
sem ter que xingar o PC
(que não tem dado problema)
ou... me lembrar que ela existe
(aí é que está o dilema
que não me deixa e persiste
porque não tem solução
possível de ser inventada)
e está como a conheci
não fujo do que é impossível
(porque de esquecer desisti)
Rio, 19/11/2006