OLHOS ENVIDRAÇADOS
Cadê a serpente de Eva
O voto de Minerva
A conserva da pupila dilatada
Desde quando te vi
Abriu minha cicatriz em pálpebras
Jurei não me perder em álgebras
Mas nos teus olhos há grandezas abstratas
Eu me despi e abduzido da realidade tangível
Fujo deles como um anjo suicida imaginável
Desde que te vi em mim dentro dos olhos
Uma vontade danada de te beijar impenetrável
E matar o mundo que criei na vida em que procuro
Mas agora a tarde já vai longe anódina
Já vai longe de meus olhos escuros
Os peixes são canções dentro do mar, mergulho
Lagrimas se misturam alheios aos pensamentos
Desnuda-se, se despem olhares de aquários em movimento
Dentro deles solitários vicejam dependentes seres
Que mal conhecemos e que de repente obscurece tudo
Nós é que estamos fora dele tentando sobreviver...
Às vezes os seres se entendem mais
Dentro dos aquários dos olhos
Do que fora deles...
Só vivemos fora dos olhos em cores e refração
Tantos olhos vidrados pra tão pouca atenção...