QUANDO TERMINA O AMOR...

E meu amor que era enorme

hoje se derrete igual a neve,

que sob o sol se infiltra nas

gretas fundas do solo casto.

E nunca mais neva vontade

e a chuva chove é saudade.

E o amor que de impetuoso

aborrecia a tantos, perdeu

o perfume, o lume, o rumo.

Aquele calor que abrasava

minha pele, hoje esfriaria o

mundo. É fogo de água fria.

Eu poderia ter lutado e não

lutei; eu devia ter reagido e

não reagi. E não houve sol!

Nosso amor de frio feneceu.

Eu não consigo me lembrar

de como é se sentir querido.

Foi o amor mais quente que

gerou o inverno mais longo

que se tem notícia. O amor

de neve se cobriu e cobrou

de nós um alto preço. Ouro

puro que no ar se dissipou.

O amor que era enorme se

fez pequeno. De acanhado

diluiu-se, fugiu pela janela

numa tarde outonal, fugiu

de nós para sempre. Feito

pássaro que voa do ninho.

Entre uma ocasião e outra

nem nos demos conta que

que o amor se contorcia...

Buscava um azul sem final

para voejar dentro de nós,

e nos salvaria de prantear.

Aquele céu azul e alvejado

que o amor buscava jamais

houve de fato; uma nuvem

negra pairava sempre no ar,

e dia claro virava noite feia,

e noite quente chorava frio.

E esta falta de amor de hoje

tira-me o ar, respirar outra

vez do nosso amor de antes

não é preciso, nem possível.

Melhor outra estrada, outro

sol, e outra manhã de verão.

Quiçá fosse a força do amor

que nos cansou. Partiremos

agora rumo ao final, amanhã

seremos passados. Mas o fim

já reside em nós, abracemos

o último fio de amor que há...

Sei que nosso amor morreu.

Sei que preciso partir agora.

Sei que chorarei, e chorarás

também, mas partirei. Hoje

dormirei noutra cama, e sei,

a neve ainda cairá em mim!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 24/05/2011
Reeditado em 24/05/2011
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