ETERNAMENTE MADRUGADA

Infida a tua doce negritude,

Estende teus braços de pilastra

Sobre o ombro do poeta que chora,

Que Sussurra, aos acordes de tua brandura.

Estende tuas ruas aos meus pés extenuados,

Chora comigo Amiga; eternamente...

Sopra-me um soneto, docemente,

Sem quimera; sem disfarce.

Guia-me casto de generosos sonhos, beija-me a tez;

Embala-me, qual um belo infante.

Deixa-me penetrar na tua exatidão,

Na tua fímbria despojada e perene.

Infinda e negra madrugada...

Amo tuas mulheres, tuas artimanhas,

Tuas vozes vorazes e cortantes

Nas mesas de teus bares, onde andares,

Nos rostos embriagados e anônimos.

Alastra-me no teu dorso,

Como seiva gotejante,

Como homem profeta,

Como poeta das tuas histórias,

Como amante dos desejos que guardas.

Leva-me, ó madrugada,

Infinitamente nos teus braços...

Castro Antares
Enviado por Castro Antares em 23/05/2011
Reeditado em 21/06/2011
Código do texto: T2989012
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