UM JARDIM POR DENTRO

Você que passa, só passa,
Venha, entre, o portão está aberto,
Sempre aberto, como braços de mãe.

Entre, não basta espiar da calçada,
Assim apenas olhas e não sentes,
Não vês as minúcias do meu jardim,
Não sentes o aroma, nem as cores,
Com que rego meus dias, meu tempo.

Isso, entre, veja o jardim por dentro,
Toque as flores tão vivas, a relva por si,
Sente aqui neste banco e respire devagar,
E olhe os pássaros ao redor e ouça-os,
Aprecie como a vida se faz aqui.

Não basta ver um jardim ao longe,
Espiando pelas frestas, ou roubando flores,
Necessário que entre e também o componha,
Melhor se mexeres a terra, afagares as rosas,
Alimentares os colibris e te molhares no orvalho.

Olhe ao redor, os caminhos estreitos,
Desenhados entre as roseiras floridas,
As árvores sombreando os jasmins,
As flores todas e as borboletas passeando,
E sinta-se dentre elas e voe, eleve-se,
Para melhor apreciares o todo em panorama.

Isso tudo é poesia, esse jardim meu poema,
Fico triste quando quem passa só olha, nem vê,
Não caminha em suas veredas, não senta a sua sombra,
Não vê que aqui a vida corre como rio de versos,
Os versos da rotina dos dias que se repetem,
E que compõem toda vida, feito mar de inspiração.


Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 22/05/2011
Código do texto: T2985826
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