Vou te contar
Vou te contar o que penso
Vou te contar o que aprendi
Nos filmes de ficção científica
Vou te contar quantas estrelas
Eu contei no céu (elas estavam lá)
Vou te contar quantos navios
Eu naufraguei no cais
Vou te contar porque o mar
É salgado (ele é muito salgado)
Vou te contar o quanto chorei
E quantos rios com isto formei
Vou te contar o segredo das sereias
Vou te contar onde estão os ET’s
(os tais ETs)
Vou te contar porque faz sol
E porque chove
(ah, sempre chove)
Vou te contar do que é feito as nuvens
(as nuvens do céu)
Vou te contar o valor de um sim
E o desastre de muitos nãos
Vou te contar tudo
Sobre presente, passado e futuro
Só não vou te deixar em cima do muro
Do muro não
Meu bem, em cima do muro não
[ I Prêmio Canon de Poesia 2008, Cidadania: um direito de todos, Scortecci, São Paulo, 2008]