A VERDADE

Eu era um pobre arbusto

Esquecido a beira do caminho!

Em cujos galhos retorcidos

Recobertos de folhas amareladas

Jamais ouve promessas de flores

E nem se verá jamais

A beleza de um fruto.

Que triste sina a minha!

Quando o primeiro amor

Veio nas brisas noturnas

Acariciar mansamente

Meu corpo adormecido,

Acreditei ser possível

Ser feliz nesse mundo!

Mas a verdade

Caiu sobre mim

Como vento furioso

A dobrar-me humilhado

Sobre as ásperas rochas

Da minha desilusão.

Conforma-te miserável!

Brada-me dos céus

A voz inclemente

Do carrasco destino:

“Não poderá jamais

Um arbusto vacilante

Atingir as alturas

Do frondoso arvoredo

Cuja fronde verdejante

Mergulhada na amplidão

Despreza o mundo triste

Dos que se arrastam pelo chão.”

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 20/05/2011
Reeditado em 21/05/2011
Código do texto: T2981411