A VERDADE
Eu era um pobre arbusto
Esquecido a beira do caminho!
Em cujos galhos retorcidos
Recobertos de folhas amareladas
Jamais ouve promessas de flores
E nem se verá jamais
A beleza de um fruto.
Que triste sina a minha!
Quando o primeiro amor
Veio nas brisas noturnas
Acariciar mansamente
Meu corpo adormecido,
Acreditei ser possível
Ser feliz nesse mundo!
Mas a verdade
Caiu sobre mim
Como vento furioso
A dobrar-me humilhado
Sobre as ásperas rochas
Da minha desilusão.
Conforma-te miserável!
Brada-me dos céus
A voz inclemente
Do carrasco destino:
“Não poderá jamais
Um arbusto vacilante
Atingir as alturas
Do frondoso arvoredo
Cuja fronde verdejante
Mergulhada na amplidão
Despreza o mundo triste
Dos que se arrastam pelo chão.”