AMOR AMALGAMADO
Tem alguma coisa nela que me mexe
Que dança comigo
Pode ser seu umbigo que por dentro dela
É meu abrigo
Inundações de emoções, quero-te amar
Em circunvoluções
Te amarei sempre quando os escorpiões
Tentarem nos matar
Seremos imunes aos ferrões
Somos ostracisados pelo amor poesia
Nada há que nos faça mal
Nada há que nos distinga do fanal guia
Te amo ser angelical
E o amor está em nós
O amor está consumado
É lei de ventura profunda
Sem ele estamos jogados
Aos pós estaremos enovelados
Como insetos voando em torno da luz
Sem no entanto adentra-la
O fio de Ariadne quase imperceptível
Como uma bruma
Diante de seu pétaso recoberto
Dentro de sua cabeça escuma
Nada na vida tem ou possui
Esta solitude sepulcral
Fremindo e palpitando o arco do coração a nau
Somos a canção ígnea que do verbo silente
Adentra as catedrais
Derrubas os muros marmóreos e frios de frente
Das insípidas catedrais infernais
O nosso amor vai além da escrita
Além da vida, além da cripta da decrepitude
Nosso amor vai além da terra prometida em altitude
Teu beijo é centelha divina
Tuas mãos tocam meu corpo de cítaras
Tuas mãos traz a liberdade das crinas
Hoje as pessoas sobrevivem
Isolados na conveniência
De não saberem viver as suas diferenças
Estamos presos dentro de nós mesmos
Somos cativos e libertos no vento
Somos amor fermentados em pão bolorento
Te amo como quem ama a semelhança
No equilíbrio da aliança
Bebo tua alma e te dou a minha criança
Amor este que jamais cansa
Se te falta algo que em mim falta
Equilibramos a balança
Amor que no acaso resiste
Amor jamais triste
Porque sempre voa o pássaro que nele reside
Há muito desamor em cios
Há muito divórcios
Os que desamam o chamam ossos do ofício
Amar é árdua tarefa
É um céu que se retalha
Vencem as guerras, jamais a cotidiana batalha
Amor de verdade não foge do combate
Já os falsos se amedrontam diante da convulsão
Amor de verdade diz sem contradição: não há quem me mate!
Por isso te amo
Somos os que fazem girar o universo
Bailando eternamente dentro de nosso amor em versos imersos
Não podemos apenas viver no solo da estação.Precisamos nos desligar dos problemas
O que mais permeia o universo é a desumanização!
Nosso amor é uma ponte sem condenados
De um lado estamos nós alados lado a lado
Que nos amamos além do que possam chamar horizonte do outro lado!