QUIMERA E DESEJO
Nas águas uns murmurinhos, chuva fina
as mãos na cintura, os olhos na alma
e um silêncio que esconde o desejo
(espelho pendurado na cortina da cachoeira)
a sensação é de fuga, pássaro fora da
gaiola, lembranças acordadas com o beijo,
presença que é longa no molho do prato
e as mãos se esquecem na viagem
quimera e desejo assumem a noite
com pássaros, água, cachoeira
e silêncio cúmplice nas teias da aranha
(construção na renda que cobre as areias)
os olhos se perguntam, nada há a saber
as mãos se protegem em busca,
escuta do canto dos pássaros na arte
plástica na dança dos corpos.
os rostos se usam, mansamente
e emprestam os olhos, tirando a carne dos dentes
e sentem, sombras do paraíso nos recantos
sagrados das almas em se esconder.