"Eu sem mim"
Esse não sou eu,
Pois não existo assim.
Mas quem é este então?
Este que vesti por acaso o meu corpo,
Que carrega meus pés sobre esse chão.
De certo este não sou eu,
Pois já não há como bater ali meu coração.
Mas quem é este então?
Talvez apenas a armadura de uma alma,
Ou só um monte de ossos depois de perder uma grande batalha.
Sou a maldita pele mal amada.
Algo quase sintético,
Agora tão incompleto e patético,
Um quadro sem vida,
Uma escultura oculta e vazia.
Uma metáfora,
Um pássaro sem asas,
Que vive a voar pelos sonhos,
E a aterrisar em pesadelos.
Do nada...
...Sou apenas o princípio,
O começo do fim,
O término de mim.
Esse não sou eu...
...mas sem você...
...quem sou então?
Senão...
esse eu...
...sem mim".