Vem

Não sei como esquecer.

Só sei pra você viver.

Mas veja se vem agora, meu bem,

você sabe bem porque.

Só a você posso amar,

não quero em ninguém pensar.

Mas, sem ter você, eu começo a temer:

esse amor pode acabar.

Eu já nem sei mais quem sou,

o meu amor me tomou.

Você não me vem e eu choro, meu bem,

porque é de ninguém o amor

que tenho só pra lhe dar.

Mas, se você não voltar,

não posso querer que vá sobreviver

o que o tempo pode apagar.

Não quero mais falar na sua volta, não.

Sem essa ilusão não sei ficar.

(Mas eu) Não sei como esquecer.

Só sei pra você viver.

Mas veja se vem agora, meu bem,

pois, mais que ninguém, você

consegue me impressionar

e me monopolizar.

Eu, tendo você, não há nada a temer,

esse amor não vai acabar.

Rio, fevereiro de 1994