A ÚLTIMA HORA
Sou um homem triste!
Assim como um relógio velho
Que alguém esqueceu
Pendurado na parede.
Um relógio quebrado
Cujos ponteiros parados
Desistiram de correr
Perseguindo o tempo
Como prisioneiras condenadas
A um cárcere de saudades
Todas as horas passadas
No meu peito cansado
Para sempre tenho guardadas.
Talvez um dia
Uma mão caridosa
Venha de repente
Consertar o relógio
Para que se reatem
Os fios das horas
Na linha do tempo.
Quanto a mim
No entanto,
Jamais haverá
Quem novamente possa
Trazer de volta a esperança
Que se perdeu para sempre
Nas últimas batidas
Dessa minha vida sofrida.