AMOR SOBREVIVENTE*

Quero tirar as vestes outonais

Desfolhar-me sentir teu toque carnal

Tua boca minha gruta ancestral

Ser feliz é poder soltar as estrelas de nossas mãos

Para que em certos momentos de percussões

As possamos estender recolhendo constelações

Sou alma geminada

Já me achei dentro de minha amada

Nada mais me falta sentir, sigo livre como alma libertada

O toque de tuas mãos

O recolher da relva em tuas maçãs do rosto

São minhas preces e teu corpo minha oração

Um coração assim não fica separado

Um coração assim no teu tá costurado

Meu coração no teu tá alinhavado

Não me deixes sem teu atabaque

Não me mates de um ataque

Enquanto o teu faz tique o meu faz taque...

O amor é tão lindo

Que não quer saber de onde possa ter vindo

Mais que quer descobrir seguindo este mar infindo

O amor é como caminhar pela terra sulcada junto à praia

Juntinho ao mar fazendo pegadas na areia

A quatro pés e ao olhar pra trás desfez-se o que passeia

O importante é que o caminhar continua fora desta teia

O pescador ilude o peixe que na colméia da rede

Não vê o seu fim chegar

Muitas vezes assim acontece com o amor por interesse

O dinheiro tem escamas nas nadadeiras pra piranha devorar

Amor verdadeiro

Conta-se nos dedos

Sem passar do terceiro

Mais existe sim este amor infinito

É amor de outros mundos percorridos

É amor que já passou por muitos mitos

Precisou de muitos mundos até se ter morrido

Até ser tempo de ser socorrido

Por este amor prometido

Onde nenhum mal o possa fazer ter desistido...

Este amor é o amor que nunca desistiu

De ter caído ao inferno e pagado à pena que o fizera voar

Depois que seu mundo caiu...

O amor é uma pena que o cupido

Deixou dentro do coração da amada

E que na flor de um beijo se abriu

(*Disponivel em audio)