"Dublê de mim"

****************************************************

Dublê de Mim.

****

Novembro de um ano qualquer, manhã de um dia normal, marcado pelas cenas ousadas, pré-meditadas, calculado a rigor todo o risco para sair da rotina.

Então, de preto e lilás florido, decotado, dando forma às nuances das costas, caminhei para fora... E, o traço fino que delineava o meu olhar, ajudou disfarçar a ansiedade, fragilidade que fez o coração disparar. Mas, por entre a pequena multidão, ao longe, pude ver com precisão, a pinta preta, do lado esquerdo de uma face, até então, desconhecida!

Igual, diferente, surreal, loucura, pipoca sem sal, wisk puro com gelo, derrete a euforia – falsidade, simpatia – alegrando o momento, cujo efeito faz despir o corpo de um coração blindado.

Quem ouve falar, logo pensa: esse filme é lindo! Mas, basta refletir no contexto do emaranhado do novelo para entender que o principal é apenas um dublê de mim, de você. Principiantes, atuando numa trama com roteiro de palavras invisíveis...

Findou à tarde, adentrou a noite, e, o filme da vida real continua a ser produzido, mocinho e bandido, parte do sonho quebrado, e, mesmo blindado, coração pode ser violado, sem chave, segredo visível no seu olhar, preocupado!

Outrora, pensei que a felicidade pudesse acontecer...

Estranho a metafórica confusão, frases bonitas, paisagens, tudo lindo, afinidades, “feira-livre” de emoção. Terá sido isso, negócio de amor?

A priori, não há o que corrigir, pois, tudo agora é paisagem, pendurada na parede da sala, TV ligada, replay do filme, quer seja profissional ou amador, parte da vida que passou, entra em cena o dublê de mim, para não chorar e sufocar a dor.

****************************************************

Nailde Barreto.

publicado em 25/04/2011 (http://www.poemas-de-amor.net/blogues/nailde_barreto).