Tango

Ainda vejo as luzes entremeando o salão,

as mãos deslizando no corpo que desperta

o sentido do desejo, e no abraço delibera

os anseios que crescem no ritmo da paixão.

O sangue aquece no compassado do carinho,

em voltas nessa dança à certeza do querer,

um mesmo pensamento ligando o ser ao ter

pelos seios gotas de desejos deslizam seu caminho.

Olhar e sedução, os passos mostrando o ritmo,

na dança, os corpos no bailado entorpecente,

entregam-se sem o pudor que carrega toda gente

às metáforas das notas que faz o som do violino.

Mais outra volta nas voltas que a vida dá,

no salão já deserto, o amor sem destino e só,

acorda, e sobre a mesa a tristeza reduzindo a pó

e no corpo ainda o desejo que na lembrança está.

Aliviar a dor que dilacera o coração,

mais um copo do ardente consolo apagando a mente,

dos pecados cometidos de forma vil e inconseqüente

dando à morte o amor que vestiu de traição.

No adeus, o mesmo ritmo que mostrou o amor,

cai o corpo que tanto da paixão esperou,

pára a música no salão onde encenou

seus desejos mais íntimos, hoje enterrados na dor.

20/11/2006

Aisha
Enviado por Aisha em 21/11/2006
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