Distraído a contemplar a natureza
Depois de muito andar distraído
Pelo egoísmo do meu velho sentido,
E coração; com pedra às vezes agredido
Por atitude urdida de homem empedernido.
Perguntei-me: - Por que aqui fui parido?
Porém, debalde ao léu passei a admirar o céu,
Firmamento além, estrelas também a alumiar o breu.
Referto de enorme contentamento o meu coração ferveu
E derreteu o concreto surreal do meu antigo recrudescimento.
Tormentoso-alegre foi o tempero sem exagero do meu conhecimento.
O glorioso tempo vigoroso foi cabresteando o meu refratário pensamento
Demonstrando que; quem me guia não sou eu. Os céus infernais são de Deus.
Baixando devagar o divagar do meu olhar contemplei a selvagem mata qual retrata
O próprio retrato de Deus-Amor a cuidar deste jardim de jasmim e de toda a flor.
Sabiá, bem-te-vi, araponga, onça, cravo, cinamomo e outros angelicais serafins.
Sem mais querer entender, apenas sentir a ligação de linda canção à fermata
De orquestração de pura canção-cantata, banhei-me numa límpida cascata.
Decantei-me ao ouvir o som da mais maviosa serenata revestida de amor.
Nesta depuração de canção, percebi que a vida vai além dos confins.
Essa constrição que confrangido o meu coração deixou.
Seria do pecado original qual origem a mim afetou
E da minha visão a sua coordenação retirou?
O amor é cego como diz a língua do povo.
Serei como uma rachada casca de ovo
A compartilhar mais vidas-renovos.
Porém, se o amor é cego quero “encegar” tudo isto que estou vendo!
Viva a eternidade.
Luz & Vida