Morena Proibida
Sou meiga como uma gatinha, brava como uma onça e tinhosa feito uma mula empacada.
São 4 horas da manhã de segunda feira
Pulo da cama direto para o lombo de uma besta marchadeira
O peão avisa meu pai que fugiu gado da invernada
Possivelmente uma cerca arrombada
O peão tenta impedir que vá com ele a filha do patrão
Sou mulher de atitude e nem dou conversa fiada a ele não
Quase raindo o dia canta no pasto a escandolosa siriema
Lado a lado cavalgando o peão e a morena
Sigo calada escondendo meu olhar matreiro sob o surrado chapéu
Meio tímido ele tenta puxar conversa com Raquel
Até se faz de gentil abrindo para mim a porteira
Mais dentro do meu peito bate um cerne de aroeira
Laço um garote valente e a unha o derrubo no chão
Mas temo sentir de novo o gosto amargo da decepção
Rústico ele me diz que sonha em encontrar uma companheira
Penso em voz alta vivo muito bem solteira
Mas atrevido ele pergunta se eu já tenho namorado
Comigo não tem namoro foi esse o meu recado
Talvez ele tenha ouvido o som da minha viola
Que nos meus braços as vezes geme e as vezes chora
Antes que ele me chamasse de amor da minha vida
Coloquei a placa no meu coração: Morena Proibida
Num gesto brusco ele fez subir poeira do chão
Enquanto me debatia feito uma fera machucada nos braços do peão
Sem dó nem piedade aquele bruto me jogou no chão
Valente eu até ergui em defesa meu canivetinho na mão
Mas eu já estava molinha e sussurei um fraquinho não
O peão sem perda de tempo beijou sedento os lábios da moça de Batatais
Quando me soltou eu sem fôlego pedi manhosa quero mais
Ele deu um sorriso satisfeito e respondeu :
Só quando eu for seu marido
Fiquei furiosa e gritei :
Está despedido !
Já fui me preparando para ir embora toda nervosinha
Moça da roça também às vezes perde a linha
Ele gritou eu te amo sua tinhosa
Virei e dei uma banana para ele como resposta
O peão bruto pegou a morena e jogou ela nas costas
Esperniando e mentindo dizendo que ele cheirava a bosta
Levou uma dolorida palmada como resposta
Finalmente ela seria domada do jeito que o diabo gosta...