Já confundi tudo
As palavras e os pensamentos
E esses tantos tolos sentimentos
Toda a emoção e nenhuma razão
E o que dizer e o que é para calar
Já confundi o olhar e o que é amar
Nem sei mais esses meus poemas
Já confundi tudo
A vida e o sonho, a solidão que ponho
Na tristeza dos versos que componho

O amor eu sei e sempre sei
Só não sei nunca onde foi
Sei que te amo tanto
Tanto quanto me amas
Assim mesmo sem querer
E quase assim sem poder
E sem saber é que te amo
Tão incapaz de esquecer
Só não sei nunca
O que é que vai ser de mim
Tão próximo e tão distante
Do que posso chamar o fim
Enfim do fim de tudo
Eu te amo sem escolha
E escolho te amar e não viver
E usar as palavras para não dizer
O que vem a ser um amor assim
Que me espreita nas horas
Que me assalta ali na rua
No silêncio e no esquecimento
Que me toma pela mão e caminha
Todos os desertos e todos os abismos

E eu confundi tudo amar assim
Apesar dos passos contrários
E de tanta vontade alheia
Apesar de todo este silêncio
E de tudo que mais se distancia
E que ainda angustia
Quando confundo as horas
De minhas noites e meus dias
Apesar dessa dor sem fim
Eu te amo tão esquecido de mim
E perdido tanto em tua inconstância
E no que o amor tem de mais absurdo
Eu te amo tanto este amor assim

E confundi tudo
Permanecer tão vivo em mim
E esquecer que eu nem mereço
E que só padeço, enfim,
Sem este amor que não esqueço

E já confundi o que disse antes:
Chega de poesia, meu amor!
Chega de amor, minha poesia!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 14/05/2011
Reeditado em 19/05/2021
Código do texto: T2969633
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