BELA EM OITAVAS DE FERA
"Para minha doce e encantadora Bela"
Não vê Bela,pelo ocaso
De vós,suspirar proponho...
Que me buscaste no sonho
Quando a lua escureceu.
Calou-se a madrugada,
Silentes passos na relva
No frio escuro da selva,
Olhai-me bem que sou eu!
De ti as horas passadas
Ditaram minhas lembranças,
Sonha-te minha esperança
Por esse amor que é só meu.
Dos anjos tu és rainha,
És bela,nobre,humana!
Se o amor te proclama,
Olhai-me bem que sou eu!
Mas pode um anjo amar
O que nas sombras se esconde?
E amor assim vem de onde
Se o renega o peito ateu?!
Sois bela,alma divina,
Que minha alma padece,
Nessa lágrima que desce
Olhai-me bem que sou eu!
Deve meu peito ousar
Bater suave teu nome?
Se este amor me consome,
Bem sabe quem já sofreu...
Um anjo assim não devia
Ousar meus olhos de fera,
Mas,ai,meu peito te espera,
Olhai-me bem que sou eu!
Sois bela,linda,divina,
Anjo que à luz do amor
Ouviu meu grito de dor
Quando a alma escureceu!
Cantando canções celestes
Deitou-me o encantamento,
Calou meu triste lamento...
Olhai-me bem que sou eu!
Eu fera?!Estou prostrado
Agora que amor me inflama.
Pode o peito de quem ama
Não ver quem o incendeu?!
És meu sonho,meus delírios,
Quando de mim te ausentas,
Da saudade que atormenta,
Olhai-me bem que sou eu!
Assim,de amar feito louco,
Vivo em noites meu martírio...
Olhos frios e sem brilho,
Que o próprio amor esqueceu.
Mas vem,ó Bela,a esperança
Em ti a tocar meu rosto,
E longe vai o desgosto,
Olhai-me bem que sou eu!
Se amor assim é pra sempre,
Dizei-me Bela a verdade,
Pode a eternidade
Suplantar o pranto meu?
Sois linda,anjo celeste
Que a mão divina esmera!
Sou triste,frio,sou fera,
Olhai-me bem que sou eu...!