AMANHECER NA JANELA

Quando a noite

Em seus últimos instantes

De escuridão profunda

Agoniza no colo

Da pálida madrugada,

Com o rosto colado

Aos vidros transparentes

Da minha janela

Eu me perco em suspiros

Enquanto observo

Do lado de cá

O mundo que passa

Do lado de lá.

Janela, vidros, fronteiras...

Olhos sonhadores

A desgarrarem-se do corpo

Covardemente acorrentado

A minha existência

Para perderem-se tristonhos

Pelas praças da cidade

Em busca de um segredo.

Se fosse possível!

Se eu tivesse coragem

De enfrentar meus medos!

Eu quebraria essa vidraça

E sairia correndo

Atrás dos meus olhos.

Mas o corpo não se move

E a janela continua inteira!

Antes que a noite acabe

Meu olhar estará de volta;

Triste, calado e sozinho.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 13/05/2011
Código do texto: T2966984