Desenhos da saudade
Em outras luas desejei, amei sem medidas e até fui feliz,
recriei meus sonhos edificando o novo que surgia,
revi os céus, em todas as cores que o amor mostrou,
fechei a janela de um passado nostálgico...
E me doei no presente em amor, fui vento e tempestade,
revestindo-me da busca por uma luz que vi apagar,
cantado no silêncio de quem nunca me escutou
amei e ouvi meu sonho.
Uma chama desenhando em cera
os sentidos que tranquei sem esquecer,
não sei bem qual foi o dia em que a noite se foi,
nem se eram frias as manhãs que minh'alma acordou.
O sopro que tocou minha boca
aumentou o desejo que vi crescer
na mesma chama que desenha em sombras
a vida vazia que você deixou.
Aonde levam as estradas que no meu caminho vi surgir?
A chama ainda vibra na dança sem seqüência
recriando em sombras o adeus,
dispo-me então de tudo, do que sempre fui e acreditei.
Na cama, a lembrança,
deito-me amor onde um dia seu corpo existiu,
ao meu lado desenhando ainda sua forma no lençol,
no reflexo do espelho que não sabe como apagar.
Vejo mais uma vez seus olhos que ficaram
nos desenhos da minha única saudade,
o amor verdadeiro que preso ao passado
é hoje a saudade maior que meu corpo já sentiu.
10/11/2006