PLATÉIA
02.06.2006.Acostumado a ser derrotado
A aceitar tudo calado
Aparece você do nada
Começa a acreditar em minhas imperfeições
Consegue enxergar minhas predileções
Prossegue ao meu lado como que grudada
Anseia me ver citado
Me mostra panfletoriamente
Representa no palco de meu louco teatro
Seca com seu sorriso meu inundo lacrimejar
Eu que tão acostumado a andar sozinho
Todo mês mudar de plano, caminho
Aparece você do nada
Incentiva-me com os dedos de “não se deixe”
Não me deixa desistir de minhas desistências
Finge muito bem gostar de minhas chatas manias
Consegue incendiar minha dormente alegria
Persegue meu sonho como se fosse seu
Deseja-me ver além da cortina
Vive ao lado meu
Como se eu fosse algo que fosse bom
Como se eu fosse algo que fosse
Como se minha garoa fosse gotícula que não lacrimejo
Que seja então relampejo do dom
Raio da noite que permuta com o dia um alvorecer
Da dureza de meu casco caranguejo
À moleza de minha carne boa de comer
Dia de sol, dia de frio
Língua negra de nosso refrão
Marca de gozo em nosso colchão
Assim é que se vive uma história
Assim se deseja quem se ama!
(dura casca, tenra carne, vós cancerianos!)