SEGREDO DO (des)ENCONTRO
Ela passava por mim à tarde.
Em sua cabeça, aréola.
Fios dourados.
Sol de Vésper.
Cadernos nas mãos.
Rosas na face.
Eu seguia o meu caminho
e ela a sua estrada.
No ponto tangente
apenas um olhar
sem falas
sem nomes
sem cumprimentos.
Ela passa agora todas as manhãs.
Em sua cabeça
um véu de mistérios.
Poderia ter sido.
Flechas matutinas.
Coleira do cão na mão.
No rosto, pétalas
quase murchas
O mesmo encanto
sem nenhum canto.
Permanecemos calados.
Será que ela se lembra
do ponto cruzado?
Apenas o mesmo olhar
sem falas
sem nomes
sem cumprimentos
Sem coragem
e sem vontade
SÓ O SEGREDO DO ENCONTRO
Ponto em cruz na malha do pano.
L.L. Bcena, 06/01/2011
POEMA 150 – CADERNO: TÊNIS VELHO.