DO JEITO QUE CHEGUEI
17.02.2006.Cabeças são sempre cabeças
Pensam diferente, sentem de outra forma
Corpos são diferentes corpos
Deitam e acordam diferentes, agem de outra forma
Mas o fim é sempre o mesmo
Dizer que gosta, que ama, que adora
Dizer que sente falta, saudade e raiva
As músicas que ouço são ecléticas per si
Os livros que leio variados demais
As cidades que invado também
Porém tudo tem me levado a um mesmo caminho
Amor, amor, amor...
Seja ele como for, é sempre demais amor
Faço muita coisa pelo amor
As plantas que cultivo
Os bichos que crio
Os quadros que espano
Meus gritos de socorro
As almofadas em que me deito
Os caminhos que percorro
Tudo sempre em busca do amor
Todo mundo é assim
No fundo, todo mundo é assim...
Eu mais que muitos, sou assim
Invasor de vidas
Refratário de minhas ideologias
Natureza
Incorrigível, porém controlável
Ninguém vai me dominar
Só o amor me constrange
Nem as lágrimas...
Todo mundo é assim
No fundo, todo mundo é assim...
Existem corpos que tatuam vidas
De outras pessoas
Existem corações enormes que guardam numa só vida
Muitas outras vidas
Não precisa o medo de nos perdermos
Todo mundo quando ama tem esse medo
Basta que nos encontremos sempre
O regador que encharca
O celular que funciona
Os olhos que enxergam
No fundo sei que somos matéria orgânica
Ninguém nos empurra ao precipício, ou sim
Esse é meu princípio e
Não sou tão burro assim
Ama-se, sente-se, entrega-se
Saudade é coisa que dá e fica
Para “sempre”
Tive mil carinhos
Mil caminhos até chegar aqui
São, salvo e ileso
Minhas letras viram músicas
Meus textos, livros
Minha voz, rouquidão
Nossa história, página
Nosso sexo, ilustração
Minha agonia, revisão
Nossos próximos anos: paz
Isso mesmo: paz
Precisaremos de muita paz
Rimas baratas e lugar-comum às vezes
Pechinchas e descontos
Me deixe sempre assim, gaiola aberta
Assim você acerta
Sans doute
Alternativo, diferente
Inusitado, inesperado
Assim cheguei
Todo mundo é assim
No fundo, todo mundo é assim.