QUANTAS VEZES JÁ TE AMEI
Te amei nas eras prematuras, nos dias imaginários que te projetavam
Épocas que encenavam todas as sublimes realizações do amanhã
No leito tinha o meu divã, onde meus eus se desencontravam
Nos sonhos que me curavam, nos quais me beijavam teus lábios de avelã!
Te amei na augusta circunstância nada coincidente em que te conheci
Posto que ali reconheci tratar-se justamente de quem eu pretendia
No teu olhar que meigamente me via, igual brotante amor também vi
E lentamente me rendi a tudo que a paixão com sofreguidão me induzia!
Te amei com a sina viçosa e a seiva energética da juventude
Com as armas da plenitude, com o desatino típico da felicidade
Com a incapacidade de não intravenar-te à minha saúde
Com alma carinhosa e fôlego rude, com o mapa suplantador da imensidade!
Eu te amei todas as vezes que fui capaz de perceber que amava
E mesmo quando assim não me julgava, sabia que mentia à razão
Sempre que o amor oxigenou meu coração, tu foste o ar que ele respirava
E até na ilusão que me enganava, eu sei que procurava tua feição!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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