O mendigo do amor foi embora
O olhar do cão pedinte
Fita-me continuamente
Seguindo meus gestos
Esperando por minha generosidade
Na rua, a minha passagem
Mãos se estendem, suplicantes
Trêmulas, nervosas, ansiosas
Por uma moeda. Sobrevivência
Nos hospitais filas intermináveis
A busca da cura
A consulta, a esperança
Da perfeita saúde
No parque, os passarinhos
Apanham as migalhas que escapam
Das minhas mãos desapercebidas
Insensíveis, iguais a alma bruta...
A pior mendicância
É a feita em nome do amor
Lança olhares, palavras, frases
Feitos, fatos em vão
Contudo, sem chamar a atenção
De quem se almeja, bem quer
O que fazer alma nobre
Continuarás lançando perólas aos porcos?
Negando as estrelas
Seu brilho que julga precioso
Siga na escuridão
Aé um novo dia raiar... Sol enfim