Furto
Uma neblina precipita-se,
Num caminho já tortuoso,
Por natureza cruel,
Será fim, será início,
Esse é o veredicto que me afugenta,
É o sonho que me atormenta...
Postos em cima, tudo é tão calmo,
Quando se escuta, sofisticado me tenho,
Quando se enlaça, triste venho,
De um padecer – e será? – verdadeiro,
Nunca provar, nunca saber,
Um fatídico zombeteiro.
Sobras me restam,
Tudo é ouro, tudo é belo,
Tão súdita é minha paixão,
Por furtos inquietos,
Tentar e tentar-me,
Amantes indiretos.
Porca sova,
Que assim me cria por si,
E por si só vivo,
Ser alegre, ser nocivo,
Viver por sorte, viver da morte,
É quase um poeta cativo,
Que na sua horta cria,
Os parágrafos da vida...
Joga-me adiante,
Por aqui sou e afronto,
Pois meu fraco confronto,
Que por fraqueza nasceu,
Assim há de acabar,
Vendo ou não um belo mar...
O seu mar...