GAIOLAS DOURADAS
Vai poesia!
Como um pássaro triste
Que nasceu prisioneiro
Nunca abriste tuas asas
Para o vasto azul
Na amplidão do infinito,
Mas agora aproveita
Esse meu peito ferido
E foge depressa
Para além do horizonte.
Não te detenhas por nada!
Cruza essa terra
Trespassando-a como a seta
De uma pontiaguda saudade
Que eu nunca tive.
E mergulha nos ares
Das águas imensas
Desses imensos mares
Que eu nunca vi.
E por fim,
Quando tuas asas
Fatigadas pelo esforço
Desse primeiro vôo
Forem pouco a pouco
Perdendo altura,
Pousa no olhar
De uma criança...
Olhar de um jovem...
De um homem...
Um velho...
Meu olhar.