Tortura

Indebelável dor minh'alma martiriza;

entre prantos, debalde o coração se agita.

Esperança alguma ao longe o olhar divisa;

o riso já não sorri, chora; o soluço já não soluça, grita.

Meu canto é triste como é triste tudo.

Não tem frescor o brisa, nem as flores cor;

não mais importa-me a vida e apenas o absurdo

querer a morte pra não morrer de amor.

Como um sabre ardente a dor o coração transpassa

e, no sofrimento extremo, sem força se debate;

e meu ser sem vida como um rir sem graça

entre a vida e a morte aos poucos se reparte.

Ante a tortura desse amar sem conta

não há suplício que lhe seja par;

e tal como a nau que o mar revolto afronta,

meu ingênuo peito mais e mais quer amar.

Eternas noites de insônia e prantos

écos do íntimo desta alma amante.

Prisioneiro dos desejos, mártir dos encantos,

ante o infindo amor meu penar é só um instante.

Chama ardente que ao vento bruxuleia,

imorredoura dor que o peito agita;

tal é o amor, liberdade e cadeia,

vantade de calar-se, força que grita.

Abnel Silva
Enviado por Abnel Silva em 09/05/2011
Código do texto: T2959061